Plano de saúde negou cloreto de rádio 223 (Xofigo®)? Seu direito ao tratamento da metástase óssea no câncer de próstata
- Débora Carmo
- 14 de ago.
- 5 min de leitura
Atualizado: 20 de ago.

Para homens com câncer de próstata em estágio avançado, a disseminação da doença para os ossos é uma das complicações mais temidas, frequentemente associada a dor, fraturas e perda de qualidade de vida. Nesse cenário, o cloreto de rádio 223 (Xofigo®) surge como uma terapia inovadora e de alta precisão, projetada especificamente para combater as metástases ósseas.
O Xofigo® não apenas aumenta a sobrevida, mas também alivia a dor, representando uma dupla vitória para o paciente. Por isso, receber uma negativa de cobertura do plano de saúde para este tratamento é uma barreira que gera profunda angústia e vai contra os avanços da medicina.
Se essa é a sua situação, é fundamental que você saiba: a recusa do plano é, na esmagadora maioria dos casos, uma prática abusiva e ilegal. Você tem o direito de acessar essa tecnologia que pode mudar o curso da sua doença.
O que é o cloreto de rádio 223 e como ele atua nos ossos?
O Xofigo® não é uma quimioterapia nem uma terapia-alvo convencional. Ele é um radiofármaco. Para entender sua ação de forma simples e segura, podemos usar uma analogia:
Pense no cálcio como o "tijolo" principal na construção dos nossos ossos. O componente ativo do Xofigo®, o rádio 223, é um elemento que se comporta de forma muito parecida com o cálcio.
Quando o Xofigo® é injetado na veia, o corpo o "confunde" com cálcio e o transporta diretamente para as áreas dos ossos que estão em intensa atividade de remodelação – que são exatamente onde as metástases do câncer de próstata se instalam.
Ao chegar nesse alvo, o rádio 223 libera uma radiação muito potente (partícula alfa), mas que viaja uma distância curtíssima, de milionésimos de metro. Essa radiação destrói as células cancerígenas ao redor, com dano mínimo aos tecidos saudáveis distantes, como a medula óssea. É como enviar um "demolidor" de altíssima precisão que só atua exatamente onde o tumor está tentando se construir.
Sua indicação, aprovada pela agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA), é muito específica:
Tratamento de pacientes com câncer de próstata resistente à castração, com metástases ósseas sintomáticas (que causam dor ou outros sintomas) e sem metástases viscerais conhecidas (em órgãos como fígado e pulmão).
As justificativas (ilegais) que os planos usam para negar o Xofigo®
As operadoras se utilizam da natureza única do Xofigo® para criar desculpas técnicas e infundadas para a negativa.
1. "O tratamento não é quimioterapia, é radioisótopo"
Esta é a desculpa mais comum e específica para este medicamento. O plano alega que o contrato só cobre "quimioterapia antineoplásica" e que um radiofármaco não se enquadra nessa definição.
Por que essa justificativa é inválida?
A finalidade do Xofigo® é tratar o câncer. Ele é um agente antineoplásico, prescrito por um médico oncologista. A natureza do seu mecanismo (químico, biológico ou radioativo) é irrelevante do ponto de vista legal. Se o objetivo é tratar a doença coberta pelo plano (o câncer), o tratamento deve ser custeado. A justiça tem o entendimento pacífico de que a definição de "quimioterapia" deve ser interpretada de forma ampla, abrangendo todas as terapias para o tratamento do câncer.
2. "O paciente não se enquadra nas diretrizes da ANS"
O plano pode alegar que o paciente não cumpre um dos critérios da diretriz de utilização técnica (DUT) da agência nacional de saúde suplementar (ANS), como, por exemplo, questionar se as metástases são "sintomáticas" o suficiente.
Por que essa justificativa é inválida?
Um relatório médico detalhado, descrevendo as dores do paciente, o uso de analgésicos e o impacto em sua qualidade de vida, é soberano para comprovar a natureza sintomática da doença. A interpretação da DUT pelo plano não pode se sobrepor à avaliação clínica do médico que o acompanha.
3. Alto custo e questões logísticas
O Xofigo® é um medicamento de custo extremamente elevado. Além disso, o plano pode alegar que sua rede não possui uma clínica de medicina nuclear apta a realizar o procedimento.
Por que essa justificativa é inválida?
O custo nunca é uma justificativa legal para negar um tratamento. Quanto à logística, se o plano de saúde não possui um prestador em sua rede credenciada capaz de realizar o tratamento, ele tem a obrigação de custeá-lo fora da rede, garantindo o reembolso integral ao paciente ou o pagamento direto à clínica escolhida.
O custo do tratamento e a obrigação do plano de saúde
O tratamento completo com Xofigo® consiste em 6 injeções, uma por mês. Cada dose tem um custo de dezenas de milhares de reais, o que eleva o valor total do tratamento a uma cifra proibitiva para qualquer cidadão, reforçando a obrigação indiscutível da operadora em fornecer a cobertura.
A solução na justiça: a liminar para garantir o tratamento no tempo certo
Como o protocolo do Xofigo® exige aplicações mensais, é crucial não haver atrasos. O caminho mais rápido e eficaz para garantir o tratamento é a ação judicial com pedido de liminar.
A liminar é uma decisão de urgência que o juiz pode conceder em poucos dias. Com base no relatório médico que atesta a gravidade e a urgência, o juiz pode obrigar o plano de saúde a autorizar e custear o tratamento completo, assegurando que o cronograma não seja quebrado.
Análise de valor: o investimento que protege sua qualidade de vida
O investimento em uma assessoria jurídica especializada é a única forma de viabilizar um tratamento de centenas de milhares de reais. É um passo pequeno e necessário para garantir o acesso a uma terapia que pode não apenas aumentar sua sobrevida, mas, fundamentalmente, aliviar a dor e devolver sua qualidade de vida.
Guia prático: seus primeiros passos ao receber a negativa
Se o seu acesso ao Xofigo® foi negado, siga este roteiro:
Exija a negativa formal por escrito, com a justificativa técnica detalhada.
Peça ao seu médico um relatório clínico robusto. O laudo deve descrever detalhadamente seus sintomas ósseos, confirmar a ausência de metástases viscerais relevantes e justificar por que o Xofigo® é a terapia mais indicada para o seu estágio da doença.
Organize todos os seus documentos: a negativa, o relatório médico, exames de imagem (como cintilografia óssea), a carteirinha do plano e os comprovantes de pagamento.
Procure uma advogada especialista em direito da saúde. A experiência em reverter negativas de radiofármacos e em combater argumentos técnicos é fundamental.
Conclusão
O tratamento com cloreto de rádio 223 (Xofigo®) é uma esperança concreta para homens com câncer de próstata avançado. A negativa do plano de saúde, baseada em tecnicalidades e interpretações restritivas, é uma barreira ilegal que não pode impedi-lo de acessar o melhor tratamento para sua condição.
Se o seu plano de saúde negou o Xofigo®, não aceite essa decisão. Entre em contato conosco para uma análise completa e sem compromisso do seu caso.
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(Disclaimer: Este artigo tem caráter informativo e não substitui uma consulta jurídica. Cada caso possui suas particularidades e deve ser analisado individualmente.)







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